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Minutos de areia imemorial é o primeiro livro de Jarry e pode ser lido como uma síntese das potencialidades criativas de sua extensa obra. Publicado em 1894, nele se encontram diferentes facetas do multiartista. No texto de abertura, intitulado, não sem ironia, Linteau (soleira), Jarry comenta: “no momento da escrita, tentou-se o melhor, não para dizer TUDO, o que seria um absurdo, mas o quanto fosse necessário”. Assim, na recolha, encontram-se poemas, contos breves, reflexões, gravuras, além de três pequenas peças teatrais. Nesta seleta, estão incluídos todos os textos em prosa, os poemas que compõem a obra, assim como as gravuras. Não foram incluídas as peças por serem a parte mais conhecida e visitada de sua obra. Partindo do princípio de apresentar o que pareceu “necessário”, o volume inclui os poemas acompanhados de seus originais, mas não os textos em prosa em sua versão original. Assim o leitor pode avaliar o trabalho de tradução no que tem de mais artesanal, que é a reconstituição dos versos, sem contudo sobrecarregar a publicação. Deste modo, nesta seleta, temos pela primeira vez em português um conjunto relevante de textos e gravuras que apresentam para o leitor brasileiro a faceta menos conhecida deste grande inventor de soluções imaginárias.
As obras e a personalidade subversivas de Alfred Jarry (1873-1907) desempenharam papel crucial na transição da vanguarda do fim do século xix para os movimentos modernistas emergentes do início do século xx. Inspirador do Dadadaísmo e do Surrealismo e referência para o Teatro do Absurdo, Jarry é mais conhecido por sua peça Ubu Roi e pela lenda da estreia desta, em 1896. Mas sua arte se estendeu para muito além do teatro, uma genialidade aplicada à poesia, ao romance e às operetas. Ele foi artista gráfico, ator, marionetista, crítico e inventor de uma ciência imaginária chamada patafísica. As ideias de Jarry sobre composição gráfica encontraram expressão em projetos inovadores para livros e revistas. Como Stéphane Mallarmé, foi dos primeiros escritores a experimentar a tipografia como ars poetica. Seu conceito de autoria e sua abordagem pouco ortodoxa à ilustração, empregando anacronismo, montagem, colagem e apropriação, anteciparam práticas da arte impressa contemporânea. Os livros que publicou são metáforas alucinatórias e apocalípticas para o futuro (o dele e o nosso). Jarry raramente refletia sobre este assunto, exceto para zombar da uniformidade do pensamento, refletida nos livros, principalmente nas capas. As primeiras capas que desenhou eram predominantemente pretas, sem título ou nome de autor e continham apenas um pequeno símbolo heráldico gravado em ouro. Utilizava imagens medievais da Ars memorandi. Seu envolvimento com a arte da Idade Média e uma percepção romântica da modernidade compartilham traços com a definição de beleza de Baudelaire e as ideias sugeridas pelas Considerações Extemporâneas, de Nietzsche. Mas Jarry fragmentou essa unidade no âmbito das artes do livro. Tal desarmonia é um contraponto às ideias de William Morris, que tentava unificar no design gráfico o Gesamtkunstwerk, isto é, a obra de arte total.
Vanderley Mendonça